Odeio as pessoas que baixam a cabeça por não saberem lutar. Odeio aqueles que lutam, porque simplesmente não sabem quando parar...
Odeio a falta de caráter, a falta de simplicidade e a falta de opção. Odeio a indiscrição, o silencio e o modernismo como desculpa para a criação...
Odeio a curiosidade, liberdade de expressão, as feridas pestilentas decorando o meu corpo, meu humor e o meu estado de satisfação...
Odiar é tão fácil.
Odeio odiar...
Odeio seu carinho e a sua preocupação. Não quero ouvir, não quero falar. Quero diminuir, desaparecer aos poucos como a personalidade que perdi. Odeio os comentários idiotas feitos só para chamar atenção.
Odiar é fácil.
Odeio odiar...
Odeio tudo o que faço bem, mal e o que não sei fazer. Odeio estar ocupado, odeio não fazer nada. Odeio meu estado de espírito, esse estar sem ser...odeio o que é cinza e odeio esquecer.
Odeio minha musica que vira brinde a cada dia que passou. Odeio minha cabeça drogada, minha mente estimulada. Me odeio como espécie de produto, o mal que eu faço, assim como o bem que passa...
Odiar é fácil.
Odeio odiar...
Tudo bem, porque parece simples, mas não sei o que é...
Odeio os sábios, odeio os padres, odeio as vadias e as formigas e odeio os seguros de si. Odeio minha decadência que me leva pra longe de quem fui.
Mas o que eu fui? Foda-se o que pensa, é mentira!
Só eu sei. Só eu sinto as saudades, só sei o que foi verdade. Sei o que é o futuro e o que se perdeu no passado. Odeio ter perdido minhas asas e odeio não saber falar.
Odiar é bem fácil
Odeio odiar...
Odeio as pessoas que não calam a boca e pedem ajuda negando a si mesmos um pouco da dignidade que até os ratos reservam pra si. Odeio as pessoas como eu e as pessoas diferentes de mim...
Pro inferno essa fraternidade excretada pela boca dos sonhadores que nem souberam sonhar. Odeio o meu Eu fraco, o meu eu forte que morre gordo sem nada enxergar.
Odeio os que têm medo de chorar e odeio aqueles que choram perto de mim.
Vivam em seus mundo-ratoeira, afoguem-se em suas carências e não tentem chamar minha atenção.
Odeio os ‘novos donos’ da minha criatividade falida, estéril, que comporta o ponto exato do [simples] satisfatório.
Odeio as horas que se vão sem me chamar. Odeio as palavras bonitas, feias, bem escritas e odeio a caligrafia. Odeio as rimas, as cores, minhas dores, meu corpo e odeio meus olhos debilitados...
Odeio o que me espanta, odeio as naves e o suco, odeio com força até aonde a chama alcança. Odeio meu pijama, todos os minutos curtos demais para que eu possa me aborrecer completamente. Odeio o útil, o inútil e o agradável. É fácil quando se alcança certo estado.
Odeio as notas afinadas e o cacto sem afinidades, as faixas que margeiam as ruas e os mendigos na estrada. Odeio o carona, o mal estar. Odeio o aconchego e a tábua de passar. Odeio a soma matemática, mesmo que seja bem fácil somar. Odeio a mágica do sonho, até por que é um saco sonhar.
Odiar é tão simples,
Odeio odiar...