Shade: A marca como forma de solidão

Eu preciso sentir essa solidão da mesma forma como é possivel soletrar ternura.
Simplesmente não posso ignorar a marca do adeus, só por que a terra escolhe abraçar as pessoas que amo.

Ainda que eu ignore a matemática do abraço, agradeço pelo pessimismo da saúde.
Nunca foi claro pra mim a queimadura que as sombras me causam enquanto me agrada pela simbiose que sustentamos e nos ostenta.

A Lua rasga o véu do silencio do quarto enquanto me hipnotiza com  seu alvo quarto minguante. E no canto de seu sorriso fálico sinto o ríspido ritmo dos que caminham lentamente em direção do fim.

Me aborrece as palavras lutando contra o soluço armado, com lanças feitas de lágrimas que teimam em não alcançar o tecido de quem me parte os sentidos enquanto parte em direção à terra o abraço final.

Então me calo, trancado no calabouço da indiferença que carrega a esperança de que todas as canções de amor que estraguei, cheguem até o ouvido rígido de todos que partiram e não me levaram consigo.

Como forma de gratidão, sinto isso o todo, e não permito fuga.
Atrás do carvalho a chave rota no canto escuro dos meus opacos olhos...
E eu te amo, enquanto observo a distancia que a eternidade criou entre nós dois.

Shade: Infinitas horas em um único instante

Eu não julgo as pessoas com base na opinião que tenho a respeito delas,
mas com base no pré julgamento que fazem de mim.

E isso é tão triste quanto necessário.
Ou tão simples como as formas causando inveja no pensamento.

Ou tão assustador quanto o segundo que antecede o "tic"...
Ou tão dinâmico quanto a vida, o quarto, o jardim, o bairro, a cidade, do estado á tempestade ou o mundo tão fundo quanto a nota afinada uma oitava abaixo que choram após o "tac"...

Os ponteiros, o chicote do relógio o dono, sobem o ritmo dos 360 degraus a escada mais longa que experimento no dia à noite e como o agasalho, uma vez mais me agarro as sombras, tão frias como o chão cinza às ruínas de minha própria sorte.

E já então, não é preciso dizer ou sentir mais nada.