Teoria das Lembranças

Lembro-me de poucas coisas. Quase nada!
Penso que o motivo seria uma pancada na cabeça, fruto de uma bela queda na pré-adolescencia. Já pensei que minha falta de memória seria originada por descaso, talvez indiferença ou a falta de atenção que ofereço o tempo todo.

É como se eu vivesse todos os meus momentos, mas não estivesse de fato ali, além da presença física, de um sorriso ou apenas um olhar. Além de palavras que esperam que fale ou gestos divertidos...ou apenas o silêncio repentino.

O fato é que me recordo de pouquissimas coisas, da minha vida, da vida dos outros, de situações pessoais ou sociais. Dos brinquedos favoritos, das partidas de futebol que joguei,amizades da escola, da vizinhança. Tenho 30 anos completos e as lembranças que eu tenho seriam como figurinhas de um album.

Estáticas, fixas, pobres no sentido de me contar algo, no sentido de me transportar de volta a determinado momento e me permitir vivenciá-lo mais uma vez.

Todo esse cenário me gera dúvidas, talvez estúpidas, mas suficientes pra prender a atenção. Parece absurdo, e talvez seja, mas as vezes parece que não sei como me lembrar. Seguindo o raciocínio e filosofando sobre, me assusto com a possibilidade de não lembrar das coisas por que eu não sei como vivenciá-las.

Ou simplesmente porque eu não dou a mínima!

Sei que é rude e me sinto desrespeitoso com as pessoas, mas não me importo. Sei que pode ser um dano físico, mas quase não acredito nisso, lembrar já era díficil bem antes de qualquer queda ou pancada que sofri.

Não existem traumas, medos ou situações específicas que poderiam ser apontadas como causas. Com certeza não tive, ou tenho uma vida de sonhos, mas foi e é uma vida muito longe de ser ruim. Ou talvez eu não consiga enxergar a soma de possibilidades que me levam a isso. Talvez eu não seja franco ou completamente honesto nas análises, talvez eu apenas me esconda, apenas me desagrado, apenas me sento, apenas me esqueço...

...simplesmente por que eu não dou a mínima!